A cidade dos cafés e das ruas com nomes. Este foi o sonho da cidade Europeia, o desejo da cidade iluminada, a cidade moderna. Hoje, eco da cidade das luzes. O lugar plural de discussão e o lugar discutido entre as boas e as más novas ou as novas de sempre. Sentar e pedir por favor.
O encontro colectivo e individual, lugar do singular e da observação. Estar ali e não noutro lugar. Ir ali como estar em casa e não a outro sítio. Ir ali todos ou quase todos os dias como uma rotina de lavar dentes, tomar banho, comer ou respirar. Inventar a intimidade do atelier, inventar o próprio atelier.
A dimensão de habitar o espaço, a procura e a troca. Trocar ideias, duas de letra, dinheiro para tabaco. Transportar o intransponível e não ensinável do banco da escola à cadeira e mesa do café. O sítio onde se encontra o estar, ser e olhar, um festim de verbo, onde o consumo é o dos dias – pensar e fazer tempo como mais um dos pequenos vícios. Ali, onde se abre o novo livro ou se continua a ler o mesmo até decidir escrever um que valha a pena ou que simplesmente ainda não esteja escrito, onde se ficam horas sem ver o relógio passar, onde se combinam apontamentos e sarrabiscos com comuns ou onde surgem novas pessoas para partilha. Pagar o almoço com versos, o café com cheirinho.
A pequena trama que possibilita e sustenta a procura do acontecer: gente, momentos e coisas que duram um segundo ou anos, uma longevidade com corpo e acção. Uma renda onde os afectos são trocados e os projectos são discutidos, difundidos, falados, de certo modo conspirados e pensados de raíz.
O café é re(s)pública e democracia, no limiar ambivalente do anárquico, nesse passeio que se faz dele para outros lugares sem dali sair.
Este projecto também nasceu num café à força de meia de leite, torrada bijú e cimbalino, galão e prego em pão. Aí foi desejo e entusiasmo, aí quis ser acontecimento e partilha.
segunda-feira, 30 de março de 2009
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